Dias antes de ser preso, Hytalo Santos levou duas 'filhas' para fazer cirurgia em SP

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Mesmo com as redes sociais interditadas pela Justiça, é simples acompanhar os últimos movimentos de Hytalo Santos dias antes de sua prisão. Ele registrava tudo que acontecia em seu lar, na Paraíba, desde o despertar até a hora de dormir (caso estivesse dormindo), e compartilhava cenas do dia a dia em seus stories, Tik Tok e através de múltiplos fã-clubes de seu grupo.

Um dos vídeos costuma revelar que, há aproximadamente duas semanas, o influenciador estava organizando duas festas de aniversário: a sua, celebrando o dia 8 de agosto, e a de Kamylinha, que completaria 18 anos no dia 9 de setembro. Ambas, por razões evidentes, não acontecerão.

A festa de Hytalo estaria programada para São Paulo, cidade para a qual ele viajou acompanhado do marido, Euro, e outros três menores. Entre eles estavam Kamylinha, Danynha — que se encontrava na casa de Carapicuíba quando as autoridades determinaram a prisão do paraibano e seu esposo — e Andynho, o atual namorado da primeira.

A razão pela qual o trio estava nessa viagem era devido às duas cirurgias plásticas que as jovens iriam realizar, como presentes de aniversário pela maioridade. Danynha completou 18 anos há cerca de seis meses e também receberia o “mimo”. Não que as duas não houvessem passado por intervenções estéticas anteriormente. Tanto Dany quanto Kamyla passaram a colocar próteses de silicone nos seios assim que se emanciparam, aos 16 anos.

Dez dias antes de sua prisão, Hytalo documentou a rotina das duas jovens em uma maratona de exames pré-operatórios. Elas fariam lipoaspiração abdominal, e Kamylinha planejava retirar uma costela para, segundo Hytalo, conquistar uma “cinturinha da Barbie”, além de realizar preenchimento labial e trocar o megahair. Até o momento, nenhuma dessas intervenções foi realizada, e a festa de Kamylinha, que teria Andynho como príncipe, foi cancelada logo após a divulgação do vídeo de Felca sobre adultização.

Como surgiu a Turma do Hytalo

O nome Hitalo passou a ter a letra Y em vez do I quando ele se tornou influenciador digital e ganhou notoriedade no país, depois de aparecer nas redes sociais presenteando seus convidados de casamento com um iPhone 15 Pro Max. A partir desse ponto, quem desconhecia sua existência quis compreender a origem de tanto dinheiro, extravagância e ostentação. Além disso, o jovem de 27 anos se apresentava como o amoroso e dedicado pai adotivo de diversas crianças e adolescentes que, de maneira quase inexplicável, residiam com ele e o marido, formando, sem qualquer tipo de contrato ou vínculo de trabalho, a “Turma do Hytalo”.

Na verdade, o “programa” concebido por ele e seu marido Israel Natan Vicente, conhecido como Euro, não tinha nada de lúdico que justificasse a presença de tantas crianças. O que se observa ao encontrar os vídeos espalhados em canais do YouTube e nas redes sociais é bem distinto.

O que a Justiça, frequentemente cautelosa, não percebeu antes de Felca acusar Hytalo de exploração de menores e incentivar a indústria da pedofilia, era algo visível para milhões de admiradores e seguidores do reality que ele apresentava. Na sexta-feira, ele foi preso juntamente com seu companheiro e pode ser responsabilizado por crimes como tráfico humano, exploração sexual de jovens e lavagem de dinheiro, conforme o Código Penal e o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).

Esse não é o primeiro incidente envolvendo Hytalo e a Justiça, que estava o investigando desde o ano anterior. Em 2020, durante o período de lockdown devido à pandemia de Covid-19, ele foi detido em Cajazeiras por organizar uma festa com aglomeração em sua residência. Quando a polícia chegou, ele resistiu e não queria encerrar o evento, que contava com várias pessoas menores de idade consumindo álcool.

Naquele momento, Hytalo experimentou o revés causado por sua maior aliada: a internet. Seus “carregadinhos”, como ele se referia aos seguidores, o cancelaram. Suas contas foram denunciadas, resultando na perda de seu primeiro milhão de internautas, que eram antes espectadores leais de suas atividades em casa, além de seu sustento. Levou quase dois anos para que ele conseguisse se recuperar. Fez isso, em grande parte, através de jogos online, casas de apostas e semelhantes. Mesmo no momento da prisão, na sexta-feira, Hytalo ainda fez publicidade. Ele vestia uma camiseta com a logo de uma dessas apostas, que, por coincidência, pertencia à amiga Deolane Bezerra.

Essas mesmas empresas também promoviam produtos nos perfis dos menores que Hytalo “adotou”, mesmo que isso seja ilegal. De acordo com fontes consultadas pela coluna, Hytalo e seu parceiro recebiam R$ 1 milhão pelas campanhas publicitárias. O mesmo valor era cobrado de influenciadores que, apesar de não serem muito relevantes no cenário digital, tinham recursos suficientes para financiar a “colaboração”.

Quem cuidava desses assuntos diretamente era Euro. "Todas as publicidades que envolviam quantias significativas de dinheiro eram tratadas por ele. Nada disso passava pelo Hytalo ou por algum empregado", revela uma ex-integrante da casa. O que Hytalo fazia, e fazia bem, era gastar.

Produtos de luxo, automóveis, alimentação e bastante bebida. O álcool, aliás, era um tema frequente em conteúdos gravados entre ele e seus “filhos” e também uma preocupação para Euro. Ao menos duas discussões bastante intensas entre os dois, onde se agrediram mutuamente, se tornaram assunto nas redes sociais. O casal negou as brigas (numa delas, uma porta de vidro foi destruída quase em cima de uma criança), mas chegou a ficar separado antes do pedido de casamento e da luxuosa celebração que ocorreu depois, em 2023. Para poucos convidados. O iPhone enviado como convite não garantiu a presença dos vips sortudos. Hytalo expressou sua frustração na ocasião, sentindo-se desprezado.

Talvez esteja ali uma motivação. Na infância, enquanto dava os primeiros passos como dançarino em uma rua de terra e vivendo em uma residência bastante simples, ele era alvo de zombarias de colegas de escola, familiares e até mesmo do pai, que "não desejava um filho homossexual rebolando". Ele considerou abandonar o sonho, entrou em depressão, passou a trabalhar em uma academia em troca da mensalidade para se manter em forma e perder peso, enfrentou anorexia e já estava se despedindo das danças quando conheceu Kamylinha, sua maior "criação".

Ela começou a dançar ao lado de Hytalo quando tinha apenas 12 anos. Os vídeos em que ela aparecia juntas a ele começaram a ganhar uma popularidade imensa. Kamylinha se tornou a "mina de ouro" de Hytalo, alcançando até uma notoriedade maior que a dele. Hytalo planejava uma grande festa de 18 anos para sua pupila mais famosa.

Como forma de agradecimento, Hytalo adquiriu uma casa no condomínio Alphaville, em João Pessoa, no valor de R$ 1 milhão, destinada a Kamylinha e sua mãe. No entanto, a propriedade não foi transferida para os nomes delas, permanecendo vinculada à incorporadora, uma vez que a compra foi realizada em parcelas e a escritura não foi formalizada. Durante a infância da garota, Francisca, sua mãe, recebia mensalmente R$ 15 mil, mas esse valor foi diminuído para R$ 5 mil no ano passado. Francisca Maria nunca manifestou descontentamento e, ao surgirem acusações contra o influenciador, ela o defendeu nas redes sociais: "Estou com você até o fim".

A jovem de 17 anos também apareceu em um vídeo ao lado de Deolane Bezerra, em que chorava enquanto recebia conselhos de como se tornar independente. Kamylinha obteve emancipação aos 16 anos, após realizar uma cirurgia plástica para colocar próteses de silicone nos seios, já que não gostava do próprio corpo, frequentemente exposto nos conteúdos que gravava com Hytalo.

Devido a situações como festas com crianças embriagadas e topless em frente à piscina, Hytalo e seu cônjuge foram frequentemente denunciados por vizinhos e outros influenciadores. Entretanto, nenhuma ação foi tomada. No carnaval do ano passado, ele foi coroado Rei Momo do carnaval de Cajazeiras, onde possui uma mansão e um terreno avaliados em R$ 3 milhões. Na ocasião, recebeu das mãos do prefeito Zé Aldemir (PP-PB) as chaves da cidade, acompanhado de Kamylinha. Ele patrocinou a festividade de sua cidade através de suas empresas, focadas em sorteios de carros, motos e celulares. Ninguém se opôs a isso.

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