Com Celeste de Garota do Momento, atriz escancara machismo do 'lugar da mulher'

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A atriz Debora Ozório mais uma vez se destaca em uma novela: como Celeste em Garota do Momento, ela tem gerado uma série de reflexões acerca do papel da mulher na sociedade e do conservadorismo que influencia as vidas femininas. Para a atriz, a novela lhe permitiu ser uma porta-voz de questões relevantes que permanecem atuais.

No enredo, a personagem é uma jovem que cresceu sob a crença de ter sido negligenciada pela mãe, Lígia (Palomma Duarte), uma artista que optou por deixar o marido e sair de casa para perseguir um sonho profissional.

Entretanto, Lígia nunca abandonou verdadeiramente seus filhos; manteve-se próxima da família e fez esforço para manter o contato, mas foi dificultada pelo pai das crianças, que contribuiu para a alienação parental — quando um dos responsáveis modifica a criação dos filhos com a intenção de prejudicar o vínculo com o outro genitor. A novela aborda, de maneira sutil, um debate sobre machismo, feminismo, a liberdade feminina e os valores conservadores impostos às mulheres, que acarretam prejuízos significativos em suas trajetórias.

"O embate de Celeste com Lígia é extremamente intrigante e prazeroso de narrar. Elaboramos isso nos mínimos detalhes. Estamos muito satisfeitos em acompanhar esse resultado, esse processo de reconhecimento, conexão e entendimento entre elas. Isso inclui muitas nuances e carrega valores importantes. Acredito que o principal objetivo é ser porta-voz, estabelecer diálogos, reflexões sobre questões que precisamos discutir. É imprescindível. Embora a história se passe em 1958, os temas continuam pertinentes até hoje", acrescenta ela.

Celeste também enfrentará o peso do machismo em sua relação com Edu (Caio Manhente). Ela tomou a decisão de perder a virgindade com o namorado, em uma época em que isso ainda era considerado um grande tabu.

A trama abordará aspectos relacionados à "desonra" da jovem e ao risco de uma gravidez, já que na época o acesso a preservativos e anticoncepcionais não era tão comum.

"Além de tudo, é educativo. Quando começamos a entrar no tema dos preservativos, refletindo sobre como era antigamente e o quanto temos acesso hoje em dia, envolve muitas questões. E há sempre uma tendência de recair sobre a mulher. Discutir a figura feminina e abrir essa porta para que o público possa se identificar e aprender é realmente muito especial", diz Debora.

A atriz espera que sua personagem ofereça um legado de reflexões, identificação e aprendizado ao público, quando Garota do Momento chegar ao seu término.

"Eu espero que ela aborde a questão das decisões, que as nossas decisões resultam em consequências e que temos a liberdade de optar pelo que desejamos. E como é gratificante realizar escolhas através de nossa própria perspectiva, por meio da autoexploração. Além disso, que a percepção do feminino, entre as mulheres, possa ser mais atenta e sensível. Pois somente nós compreendemos [nossas experiências] e temos a capacidade de nos pôr no lugar de outra mulher", finaliza.