Ator Mouhamed Harfouch fala sobre experiências íntimas em seu novo monólogo

Destaque na série Rensga Hits!, do Globoplay, na pele do produtor musical Isaías, o ator e cantor Mouhamed Harfouch (47) chega ao Rio de Janeiro na próxima sexta-feira, 10, com o monólogo Meu Remédio. Dirigido por João Fonseca, o espetáculo traz uma narrativa profundamente pessoal e emotiva, onde o artista mergulha na sua história de vida, lidando com temas como identidade, pertencimento e aceitação de sua própria história. Em entrevista à CARAS, ele fala, entre outras coisas, do desejo de voltar a fazer novelas e detalha este novo projeto: "Falo de coisas íntimas".

A peça é uma mistura de comédia e drama, resultado de um processo criativo íntimo que levou Mouhamed a revisitar momentos de sua própria trajetória, especialmente sua relação com seu nome e sua herança cultural. “É completamente diferente de tudo que já fiz. Primeiro, porque é um texto meu e é a primeira vez que encaro esse desafio sozinho. Depois, porque é a primeira vez que levo um monólogo para os palcos, o único que fiz foi on-line e na pandemia”, ressalta.


“E é meu retorno à produção depois de mais de 20 anos! Então, a peça me desafia em vários sentidos. Já em cena, ela me desafia enquanto ator, porque interpreto diversos personagens numa profusão de cenas que se revezam para descortinar a minha origem. Falo de coisas íntimas, pessoais, mas falo de Brasil, desse País acolhedor, plural, diverso, onde tantos imigrantes aqui chegaram e se misturaram para gerar novas histórias, como a minha”, completa o ator.

Ele explica como surgiu a ideia do projeto, há dois anos: "Foi num lobby de hotel em São Paulo, durante a turnê de um espetáculo que fazia com a Vera Fischer. Estava querendo e buscando algo para produzir e não encontrava. E me veio um estalo: Quero falar do meu pai, da minha história, da minha origem, minha ancestralidade e de como tive dificuldades em aceitar o meu nome. O mote estava ali, só faltava escrever! (risos)".
Mouhamed Harfouch é filho de imigrantes – sírios por parte de pai e portugueses por parte de mãe. “Crescer com um nome tão emblemático em um Brasil dos anos 70, em que o preconceito e a dificuldade de aceitação eram muito presentes, não foi fácil. A peça é uma comédia, mas carrega uma reflexão sobre aceitação e pertencimento, sobre entender que, muitas vezes, o maior remédio é aceitar quem somos", explica.

SUCESSO EM MINAS GERAIS

O artista chega ao Rio após o sucesso de três apresentações especiais em Juiz de Fora, Minas Gerais. “Foi lindo! Ensaiar um monólogo é algo muito difícil porque é um trabalho extremamente solitário. Você fica sem referência e muitas vezes tem vontade de desistir por medo ou insegurança. João (Fonseca), meu diretor, foi fundamental nesta caminhada”, declara.

“E agradeço também aos amigos e amigas que assistiram a algumas leituras e deram um retorno tão lindo, dando força para seguir. Quando nos apresentamos em Juiz de Fora, tivemos depoimentos tocantes, emocionantes e que nos iluminaram. Foi muito importante para entendermos o nosso material e para estrear aqui no Rio”, completa.

Sobre sua expectativa para a estreia em solo carioca, o artista entrega: “Cada público é um público. Cada espetáculo é um novo desafio. E cada estreia é única. Nesse sentido, estou instigado, feliz e bem, bem nervoso! (Risos) O público pode esperar um artista se expondo de forma sincera e muita divertida”.

A MAGIA DO TEATRO


O teatro vive um momento muito especial, pois o público voltou a lotar os espaços após a pandemia da Covid-19. Mouhamed também fala sobre isso: “O teatro sempre me emociona! É uma carpintaria tão única, artesanal, delicada e que se realiza somente com o público. Isso é muito encantador. Saímos de uma pandemia, isolamentos, lives intermináveis (…) Poder ocupar os espaços e estarmos juntos num teatro é terapêutico e libertador! Teatro é uma arte coletiva e uma experiência única”.

Questionado sobre o que sente quando está no palco, o artista confessa: "Costumo dizer que onde há medo, temos que enfrentar. Onde há desconforto, é para onde devemos caminhar para crescer. Tem uma frase que aprendi: 'O conforto para o artista é perigoso'. Temos que gostar do desafio, de estar na corda bamba e inevitavelmente o medo estará presente. Não temos que fugir do medo, é dar as mãos para ele e seguir em frente! É o que estou fazendo, há 30 anos (risos)".


NOVELAS, SÉRIES E FILMES

Com 30 anos de carreira, o ator e cantor acumula mais de 40 produções teatrais em seu currículo – incluindo Querido Evan Hansen, vencedor do prêmio de Destaque Elenco no Prêmio Destaque Imprensa Digital 2024; e Ou Tudo ou Nada, trabalho que lhe garantiu uma indicação ao Prêmio Bibi Ferreira de Melhor Ator em 2016.

Na TV, ficou bastante conhecido. Ele é lembrado por suas performances em novelas como Pé na Jaca (2006), Amor à Vida (2013) e Órfãos da Terra (2019), em séries como Rensga Hits e Betinho – No Fio da Navalha (2023). Será que o coração de Mouhamed bate mais forte por alguns desses veículos? "Minha paixão é contar histórias, não importa o veículo, o que me importa é ter uma história boa para contar!", garante.

Sobre voltar a fazer novelas, o artista salienta: “Tenho vontade, sim. Foram mais de uma década fazendo muitas novelas. A última que fiz foi uma passagem em Amor Perfeito, em 2023. Mas a última inteira mesmo foi Órfãos da Terra. De lá para cá, tenho feito muitas séries e filmes. Gravei três temporadas de Rensga Hits, fiz Betinho, rodei agora Juntas e Separadas e lancei longas como Uma pitada de sorte e Nosso Lar 2. Quem sabe não volto às novelas? Vamos ver”.

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