Vitor Fadul, de 29 anos, se reencontrou de forma profunda nos últimos anos. Isso porque, após a leitura de um livro, ele entendeu que a diferença que percebia em si mesmo tinha, potencialmente, nome: transtorno do espectro autista. Em entrevista exclusiva a Quem, o cantor falou mais sobre como o diagnóstico mudou sua vida e sua relação com o marido, o professor, historiador e filósofo Leandro Karnal, de 61.
O artista foi diagnosticado aos 25 e ele vivia um momento muito difícil da sua vida, principalmente no relacionamento pessoal. "Não conseguia entender, as pessoas também não, virava uma grande bola de neve. Sendo muito sincero, se não tivesse descoberto o autismo o meu casamento com o Leandro teria acabado há muito tempo. Porque não conseguia me entender e os outros também não. Tanto ele quanto as demais pessoas", lembrou.
Vitor sabia que tinha alguma coisa diferente no seu modo de se relacionar com o mundo. "Tentava entender como as pessoas funcionavam e não entendia o que destoava tanto. Sabendo do autismo, fui me entendendo e estou me entendendo mais que nunca", completou.
Desde então, Fadul faz acompanhamento com médicos e sua medicação o ajuda muito no dia a dia. "Existe uma literatura que explica muita coisa e, a partir disso, não que tenha sido um mar de rosas, porque nada é, mas pude contar com muito mais compreensão da minha parte comigo e da parte dele comigo. E com os outros, pessoas que me rodeiam. Elas podem não entender tanto do autismo, mas entendem que podem ter um cuidado diferente comigo e com meu tempo", ressaltou.
Com a descoberta de vasta literatura sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e onde se encaixa no espectro, Vitor faz uso de técnicas para melhorar sua troca com outras pessoas. "O conhecimento liberta. Achava que (o diagnóstico) era um monstro, mas são passarinhos cantando. Existe o ABA (sigla usada para referir-se à Análise do Comportamento Aplicado. Em inglês: Applied Behavior Analysis), um método que se faz para aprender a estar socialmente mais adequado. Hoje não faço, mas saber como funciona e que existe (ajuda)", contou.
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Vitor acredita não ter grandes problemas sociais atualmente, mas vive uma dualidade quando o ponto é o trato com o público. "É assim: 'Amo gente, mas gente é leite e sou intolerante a lactose. Mas preciso tomar o leite'. Isso porque preciso sobreviver na sociedade, porque amo. É muito difícil, mas hoje consigo lidar melhor que nunca", avaliou.
Acolhimento na comunidade
Vitor ganhou destaque na mídia após ter revelado seu relacionamento com Leandro Karnal, um homem bem mais velho. "As pessoas são muito acolhedoras. Nem todas, mas grande parte. Meu relacionamento tem uma diferença de 33 anos, um Jesus Cristo entre mim e o Leandro. É muita diferença de idade e não sei muito como as pessoas me enxergam", afirmou.
Em um relacionamento homoafetivo, Vitor se entende hoje como uma pessoa pansexual. "Sou casado e minha sexualidade é o Leandro Karnal", brincou. "Pensando de uma forma mais aberta, nunca tive exatamente um padrão...
Claramente uma pessoa que se interessa por histórias, reflexões e vivências, Fadul não precisa necessariamente de uma conexão intelectual, como os demissexuais, para se relacionar com outra pessoa. "Apesar dessa conexão ajudar para ter uma atração pela pessoa, não preciso. Já me senti atraído sem estimulo intelectual pelos tipos mais variados de pessoas", acrescentou.
Sem etarismo
Mesmo brincando com a diferença de idade entre ele e o marido, Vitor não vê Leandro como um homem de 61 anos. "Às vezes olho para o Leandro e penso: ele é tão jovem. E sem nenhuma ironia mesmo. Porque tenho uma alma muito velha. Quanto mais avanço na idade e chego perto dos 30, percebo que fisicamente fico mais jovem. E minha cabeça também. Mas sempre fui velho", observou.
"Tenho uma foto, de bem antes de conhecer o Leandro, jantando com Ignácio Loyola Brandão, Gloria Menezes, Tarcísio Meira, Fúlvio e Vera Stefanini na mesma mesa. Pessoas de 75 para cima, a Gloria com mais de 80. Muitas vezes olho para essas pessoas mais velhas e as acho jovens. Mais jovens do que eu. É engraçada essa sensação", ressaltou.
https://revistaquem.globo.com/entrevistas/noticia/2024/12/vitor-fadul-se-nao-tivesse-descoberto-o-autismo-meu-casamento-com-o-karnal-teria-acabado-ha-muito-tempo.ghtml

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