Matheus Nachtergaele reflete sobre impacto de personagens vividos há 25 anos, que retornam ao cinema com a sequência 'O Auto da Compadecida 2'


Estudante do Ensino Médio, Milena Gerassi jamais imaginaria que sua vida daria um giro de 360 graus ao ser chamada para fazer um papel no cinema. A adolescente transgênero de 15 anos protagoniza o longa-metragem Avenida Beira-Mar, de Maju de Paiva e Bernardo Florim, exibido por três semanas nos cinemas e vencedor de prêmios de roteiro e em honra ao tema LGBTQIAP+. Estar neste lugar, como atriz trans em um filme grande, ao lado de estrelas como Andréa Beltrão, Isabel Teixeira, Analu Prestes e Emiliano Queiroz, faz Milena celebrar uma vitória pela representatividade de tantas meninas que sofrem Brasil afora.
Antes de sair de férias com a turma da escola, dias após a formatura, Milena falou a Quem sobre a experiência vivida com o lançamento do filme, uma maratona de entrevistas, pré-estreias, discursos e troféus, um deles, especificamente para ela, uma Menção Honrosa pela Representatividade Trans no Cinema Nacional, dado pelo 32º Festival Mix Brasil. No dia 24 de janeiro, o filme estreia no streaming Telecine e dia 29 no canal.

Matheus Nachtergaele nunca se desprendeu de João Grilo ao longo dos últimos 25 anos, desde quando estrelou O Auto da Compadecida ao lado de Selton Mello, intérprete de Chicó. Hoje, ele celebra a chance de reviver o personagem icônico numa dupla eternizada na memória coletiva do brasileiro pelo sucesso cinematográfico da trama de Ariano Suassuna.
Dirigido por Guel Arraes, O Auto da Compadecida 2 marca o reencontro de João Grilo (Matheus Nachtergale) e Chicó (Selton Mello) mais de duas décadas depois das peripécias do primeiro filme. O elenco ainda conta com nomes como Humberto Martins, Virginia Cavendish, Taís Araújo, Fabiula Nascimento, Eduardo Sterblitch, Luis Miranda e Enrique Diaz, em cartaz nos cinemas a partir de 25 de dezembro.
"É um presente que se estende por 25 anos. Nós éramos atores legais com trabalhos diferentes, a gente fazia tragédias, dramas, Selton fazia novela, eu fazia teatro. Através do Ariano Suassuna, Guel nos puxou nossos palhaços. A gente não sabia que a gente era palhaço", iniciou Matheus.
Selton Mello e Matheus Natchergaele estrelam 'O Auto da Compadecida 2' — Foto: Divulgação/Laura Campanella
Matheus pontua como, ambos capricornianos natos, sem plano B e mergulhados no trabalho, ele e Selton são impactados pelo público do primeiro longa até hoje. "Nos deram os maiores personagens cômicos da dramaturgia brasileira para defender. A gente foi jogado como palhaços para dentro do coração de cada brasileiro. Todo sorriso que Selton e eu recebemos na rua é um pouco para Chicó e João Grilo.
Todas as vezes que alguém fala comigo, me pergunta do meu amigo e é o Chicó".
Ele ainda admite que acessar o personagem pela primeira vez depois de duas décadas foi um desafio , já que se cobrou para honrar o legado construído em 2000. "Me enchi de medo, porque é uma responsabilidade, tinha que continuar o trabalho já feito e dar uma sequência bonita. Não é possível que você veja João Grilo 25 anos depois e diga que mudou demais, era preciso respeitar esse personagem que já é de todo mundo. Acho que João Grilo e Chicó são míticos, meio Saci Pererê e Curupira, a Iara e Mula Sem Cabeça. É de todo mundo".
Mas a conexão dos parceiros de cena foi instantaneamente reconhecida quando se viram juntos novamente. "Me apoiei no Selton para poder me reconhecer como João Grilo através dos olhos dele. Refletindo nos olhos dele, tive a certeza que era possível brincar de novo de ser palhaço. Principalmente, que era possível gostar de novo desse país e das suas histórias", declarou.

Postar um comentário

0 Comentários