Uma das maiores agências de influência digital do Brasil, a Mynd vive uma crise sem precedentes em sua história. Em 2024, a empresa demitiu quase 200 funcionários e perdeu mais de 200 influenciadores de seu portfólio. Funcionários temem o futuro para 2025. Em conversa com a coluna, Fátima Pissara, CEO e fundadora da Mynd, negou problemas. "O ano de 2024 foi percebido com um certo retrocesso na influência", diz.
Uma série de documentos, entregues por ex-empregados que foram dispensados. Despedidas em grupos de WhatsApp passaram a ser comuns. Somente nesta semana, quatro profissionais foram demitidos.
Segundo relatos ouvidos, desde fevereiro de 2023, há uma política de cortes e reestruturação na empresa. Naquele mês, em uma reunião, Fátima Pissara, uma de suas donas, disse que tudo seria passageiro.
O que se comentava à época é que o crescimento da empresa durante a pandemia, impulsionado pelo aumento nos investimentos em marketing digital, havia diminuído com a reabertura do comércio e o fim do isolamento social.
Os investimentos começaram a migrar para outras áreas, como a publicidade em out of home (feitas em placas, aeroportos etc), reduzindo o boom do digital. A justificativa oficial era que a reestruturação serviria para ajustar a empresa a essa nova realidade. Segundo Fátima, no entanto, a Mynd não trabalha com out of home. "Somos especialistas em marketing de influência", comenta
No entanto, as demissões não pararam desde então. Os quase 500 funcionários em 2023 passaram para 400 em janeiro de 2024, segundo matéria publicada na Folha no início do ano. Hoje, documentos obtidos pela coluna mostram que são 233 empregados. Fátima afirma que são 320 profissionais. "50% de pessoas pretas", diz.
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Essa atitude gerou revolta e indignação entre os funcionários, que sentiram falta de empatia e comprometimento diante da crise. Atualmente, como CFO, Scappini é um dos principais responsáveis por determinar os cortes, que seguem em ritmo constante.
As demissões são frequentes e ocorrem quase semanalmente, geralmente afetando duas ou três pessoas por dia. Algumas vezes, até em dois dias seguidos. Fátima diz que as saídas foram por reestruturação. "Criamos áreas, mudamos alguns formatos, alguns funcionaram e outros não e tivemos que readequar os times, o que faz parte dentro de toda empresa", comenta.
Perda de gente relevante
Durante esses tempos, surgiram episódios emblemáticos que demonstraram o clima tenso. Em 2024, a Mynd tentou implementar uma reestruturação interna chamada One Mynd, liderada por Cadu Aun, ex-diretor de vendas e planejamento do X (ex-Twitter).
O projeto visava organizar a empresa em equipes focadas nos principais clientes (Key Accounts). Foram feitas contratações específicas para essa iniciativa, mas, em outubro, pouco mais de seis meses após o lançamento, as novas contratações foram dispensadas, e o modelo foi substituído por uma estrutura de células que abrigam os clientes.
Adriele Gonçalo, ex-Unilever, que era gerente de Key Accounts, resistiu às mudanças e sequer utiliza o novo nome de células nas comunicações.
Após a saída da Banca Digital, que gerenciava perfis de fofoca, a Mynd criou o projeto Buzz, com uma nova gestão formada por Artur Moreno, administrador do perfil Fofoquei.
Apesar disso, o Buzz sofreu com a perda de clientes devido à crise de reputação herdada da Banca Digital, prejudicando seu desempenho e o potencial de lucro. Uma campanha curta de Buzz, gera uns R$ 200 mil, em um escopo de quatro perfis com quatro feeds.
A crise também afetou o casting de influenciadores da Mynd. Entre os nomes perdidos estão Thelma Assis, Mari Maria, Gil do Vigor e outros. Vários deles foram para ViU Hub, a empresa de influência digital da Globo.
Em janeiro de 2024, Fátima mencionou que o casting contava com 400 nomes, mas em abril esse número já havia caído para 213. Atualmente, restam 163 influenciadores, segundo a tabela de casting de outubro obtida pela coluna. Fátima diz, no entanto, que as saídas foram tranquilas e que novos nomes importantes chegaram.
"Entre os novos influenciadores estão João Silva, Beta Boechat, John Drops, Bruna Mariani, Luiza Mayers, Cenourinha, Gabisteca, Isabelle Nogueira, Menos é Mais, Priscila Alcantara, Raiza Costa, Zaynara, Vivi, Chico Salgado, Vítor diCastro, Cara de Sapato, Kaique Cerven, entre outros", afirma a executiva.
A taxa de comissão da Mynd para artistas da casa é de 20% pelas publicidades. Ou seja, em um negócio de R$ 100 mil, R$ 20 mi são repassados para a Mynd.
Para 2025, existe incerteza. Uma das esperanças são negócios que envolvem o BBB 25, da Globo, que começa em janeiro. Existe outras negociações em andamento. Mas funcionários entendem que não há perspectiva positiva. Fátima Pissara, no entanto, está otimista. "Tivemos nosso primeiro upfront em 2024, mostrando cada vez mais nossa profissionalização e expertise com o mercado e com o marketing de influência. Para 2025 teremos novamente nosso upfront, com foco em nossos projetos proprietários como Plataforma Potências e o Prêmio Potências, que foi um grande sucesso de 2024", comenta.
https://f5.folha.uol.com.br/colunistas/outro-canal/2024/12/maior-agencia-digital-do-pais-mynd-vive-crise-com-demissoes-e-perde-influenciadores.shtml
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